domingo, 4 de maio de 2008

2008

Se no último post critiquei o presidente da república pela forma com que se referiu aos jovens do Portugal de hoje… este post serve para reflectir sobre as conquistas e as mudanças sociais 40 anos depois do 68. Qualquer coisa está errada com a passividade com que vivemos actualmente….

O preço dos cereais vai subir, o governo anuncia o aumento do abono de família em uns míseros cêntimos, o preço dos combustíveis não param de subir, a crise do PSD… tudo isso faz as capas de jornal e as conversas de café… assistimos a uma “economização” do nosso quotidiano, tudo se justifica pela crise económica internacional e pelas leis da escassez no mercado internacional! Este tipo de argumentos até podem ser os correctos, mas as sociedades são feitas por mais do que escolhas económicas, são feitas de pessoas, que têm projectos e aspirações, que se vão construindo ou desfazendo em torno destes debates… a demissão ou o fim do estado providência, pelo menos em Portugal, vai-se desmoronado antes mesmo de se ter constituído…

Se em Maio de 68 se lutou pela liberdade e pelo fim das trajectórias lineares, pelo direito à escolha, hoje corre-se o risco de se voltar, justamente pela escassez na construção de projectos de vida à necessidade de se lutar pelos direitos até aí conquistados… ao trabalho, à assistência social, a um fim de vida digno!

Não sei se as pessoas se apercebem do perigo de ruir de todos estes direitos sociais conquistados no pós-segunda guerra mundial, ou então têm medo de se manifestar… ou ainda se o argumento do imperativo económico e da irreversibilidade destes aumentos todos já colou… que a luta social deixou de fazer sentido numa sociedade individualista….

São temas demasiadamente complexos, que se calhar não têm mesmo solução, mas ao ouvir que 230.000 pessoas vivem com ajuda do banco alimentar, que as desigualdades sociais não param de aumentar no nosso país e que há idosos que vivem com duzentos e poucos euros por mês dos quais mais de metade vão para medicamentos… atormentam o meu pensamento… os jovens, mais, a sociedade portuguesa está apática perante tudo isto… manifestações só com autorização do governo civil… mas mesmo assim não deixo de pensar que é preciso mostrar que as sociedades são mais do que a curva da oferta e da procura… há direitos sociais essenciais que hoje não são mais garantidos e para os quais continuamos a pagar os nossos impostos!