terça-feira, 9 de outubro de 2007

Nem oito nem oitenta!

Americana multada em 157 mil euros por "piratear" música
Jammie Thomas, de 30 anos, tornou-se na primeira norte-americana a ser julgada e condenada nos Estados Unidos por ter disponibilizado temas musicais na Internet sem pagamento de direitos de autor.
O júri que avaliou o caso deu, pela primeira vez, razão à Associação de Empresas Discográficas da América, que nos últimos quatro anos interpôs mais de 26 mil processos similares, na sua grande maioria resolvidos graças a acordos.
O tribunal de Minnesota aplicou uma multa de 6.540 euros por cada uma das 24 músicas dos Guns n'Roses, Aerosmith, Janet Jackson ou Green Day que obteve de forma considerada ilegal.
(...)
Críticas à decisão
Jammie Thomas, que negou tudo, pode agora recorrer. Mas o seu caso está a gerar aceso debate, com jornais como o "Los Angeles Times" a defenderem que a multa é excessiva e que a indústria procura resolver os seus problemas recorrendo ao pequeno consumidor.
Jammie Thomas foi a primeira pessoa acusada de distribuição ilegal de música na Internet a contestar em tribunal a indústria discográfica, mas a sua determinação custou-lhe mais de 6 mil euros por canção, quando o preço em "sites" autorizados como o ITunes é de cerca de 1 euro por tema.
In Jornalismo Porto Net

3 comentários:

Táxi Pluvioso disse...

É uma má notícia para os consumidores de música.

Ao longo da História temos observado como as grandes corporações assumem o Poder. Os barqueiros, no início do capitalismo (o verdadeiro, o americano), a indústria petrolífera, automóvel, alimentar, e agora a discográfica.

Os lucros desta indústria são obscenos. E ainda se dão ao luxo de gozar com o pagode, brincando à caridadezinha, como Bob Geldof ou Bono Vox, para deduzirem nos impostos e fazer publicidade grátis (de grupos e discos) em mega-concertos por (nobres) causas.

Se estão tão preocupados com as alterações climáticas, e fazem o concerto do pateta do Al Gore, (Live Earth, creio, não vi, segundo li foi só negócio), para alertar para o problema, então porque metem, nos discos, a tal faixa chamada escondida – ou seja, certos discos rodam cerca de meia hora para tocar uns acordes da treta no fim. Isso não é gastar electricidade?

Queixam-se de descida de lucros e culpam a pirataria. E não assumem a má qualidade da música que produzem e vendem, como é o caso de, por exemplo, Geldof e Bono, que estão para a música, como a Carolina Salgado está para a literatura.

E também os canais TV de música, ou rádios, que passam a canção (a vender) de 5 em 5 minutos, fazendo com que a pessoa que a comprou lhe fique com um asco tal, que tem de apagá-la dos registos digitais ou partir o CD, sentindo-se legitimamente roubada.

Enfim ganha sempre quem tem mais dinheiro para os advogados mais caros (e o dinheiro também impressiona os juízes).

Enquanto consumidores só temos uma arma – a carteira. O poder de não comprar. Só o boicote aos produtos de empresas lesivas dos nossos interesses fará travar o seu apetite. Mas o “consumidor consciente” não será fruta deste século. Estamos muito preocupados em ter coisas para sermos alguém. Vivemos na época do “ter” que determina o “ser”.

Jana disse...

Não mudaria uma virgula ao que disse!
Como consumidora de música passo por horas à procura de um bom cd, que normalmente tem um preço demasiado alto, para o número de faixas que conto ouvir!
Esta noticia entristece-me, porque exprimente pedir um cd de 1969, eles ficam parados a olhar para si...e dois meses depois mandam um sms a dizer que o cd está esgotado na editora! Qual é alternativa se quiser ouvir essa música?!
Quanto aos concertos Live... qlq coisa, não deposito grande fé, nem atenção...
Obrigada pelos comentários!
Jana

Táxi Pluvioso disse...

Regra geral só compro discos em 2ª mão. É a forma que tenho de combater a cobiça das editoras. Saem a 5€ ou 10€ mais uns descontos se comprar vários. Quando compro em 1ª mão, tenho sempre o cuidado de verificar o preço, e só comprar em promoção ou baratos. Recuso-me a pagar 20€ por um disco.

Tenho que escrever um post a sério sobre este assunto. Já escrevi um chamado “Piratas nas Caraíbas”, onde explicava que os verdadeiros piratas são os donos das empresas discográficas, que roubam os consumidores, e depois passeiam-se de jacto privado, compram ilhas nas Caraíbas, mansões milionárias etc. etc. …. E no fim do balanço anual, culpam o download ilegal, por não poderem trocar de jacto, ou comprar outra casita, e atiram os advogados para sacar mais algum (em multas ou outra coisa onde possam meter o dente).

O problema dos discos antigos é ainda mais grave. Como não têm as despesas normais da produção de um disco (tempo de estúdio, músicos, artwork da capa etc. etc. Apenas pagam os direitos de autor ao letrista e ao compositor), deviam ser mais baratos, mas não é isso que sucede. Vendem-nos pelo mesmo preço de um disco novo ou mais caros. O roubo é evidente.

(Actualmente assistimos a um fenómeno inteligente da parte dos cantores que não escrevem as suas próprias canções. Fazem pressão sobre os compositores dessas canções para figurarem como co-autores para no futuro receberem também royalities dessas canções. Muito cantor/a famoso/a aparece como autor/a mas não é).

As editoras aproveitam-se dos consumidores de música antiga para obterem ainda mais lucros. Porque eles podem pagar. Normalmente são mais velhos, estabelecidos na vida, com poder de compra, que quando eram novos não tinham massa para discos, e agora que a nostalgia aperta querem ter os discos que ouviam na juventude. E o lucro da editora é muito maior porque o custo de produção é diminuto.

Por exemplo, vi um disco dos Grateful Dead por 20 e tal €. (E o Jerry Garcia já morreu e tudo). Voltou logo para a prateleira. Por acaso tinha feito o download, mas gosto de ter o original, com as letras, capa etc., mas assim não!

Esta decisão da justiça americana terá efeitos nas polícias dos outros países. Por enquanto há outros crimes com prioridade, (tráfico humano, emigração ilegal, pedofilia, terrorismo) mas os americanos, que são donos da maioria das patentes, têm obrigado as autoridades nas colónias, a persigam tudo o que não lhes pagar direitos (dizem, de propriedade intelectual). Por cá os ciganos já se lixaram nas feiras… mas as rusgas chegarão aos computadores pessoais.

Num futuro breve as pessoas serão paradas nas ruas e o seu laptop verificado para ver se não contém música ou software pirateado. Por enquanto isto tem sido feito apenas nas empresas ou nas lojas mas a tendência é para expandir. O Estado moderno precisa do dinheiro da multa ou da coima como a alcoólico do seu copito.