domingo, 20 de dezembro de 2009

Percepção do Tempo...

Já há bastante tempo que não escrevo por estes lados e, juntamente com outras pequenas coisas que nos dão prazer tenho sentido imensa falta deste exercício... após esta longa pausa penso que faz todo o sentido retomar a escrita na blogosfera com um novo blog, cujo título escolhido tem mais a ver com as minhas motivações para aqui voltar a escrever! Espero que gostem desta minha nova aventura, que tem como objectivo último ajudar-me a construir e a desenvolver o meu modo particular de Percepção do Tempo!


domingo, 29 de março de 2009

Formas de acção....

A ausência implica, normalmente ausência. Não tenho tido grande disponibilidade para escrever por estas bandas, ainda que a realidade seja profícua em mil e um temas para por aqui dissertar, mostrando a minha opinião. Entrar no mundo das responsabilidades acaba por acarretar toda essa falta de tempo, contudo isto assusta-me... o tempo é como um processo alienante, há que saber gerir bem, para rapidamente não terminar como aqueles, que tantas vezes critico pela sua (in)acção. 
Penso que ainda não caí nesse extremo, contudo escrever nestas bandas é uma das minhas formas de participação cívica. Só expressando a minha opinião incorro na possibilidade de ouvir outras diferentes, ou melhor ainda, de encontrar quem partilhe comigo, esta visão do mundo.
Mas, o que me motivou a vir escrever ao blog está, de certa forma, relacionado com isto. A participação cívica em movimentos, nos quais acreditamos. 
Pela faculdade, tenho-me reunido com um grupo algo numeroso de alunos, que partilham comigo as mesmas preocupações com o rumo do ensino em Portugal. A passagem das Universidades e Fundações Privadas de Direito Público, os sucessivos cortes orçamentais, o facto de conhecer colegas que passam necessidades para continuarem a estudar, fazem-e questionar, aquilo que deveria ser um direito maior: a educação. Sem ela não adianta pensar-se que muitos andam por aqui para não ir trabalhar, não podemos inovar, pensar e questionar o sistema... Por ela há, assim, que lutar.
Acredito piamente nisto. Agora, tal como o nome indica, lutar custa! Custa por causa do cinismo com que as pessoas vêem quem manifesta a sua opinião, custa porque exige tempo e organização, custa porque primeiro há que provar que somos muitos, para depois ter apoio.... assim é difcil. O segredo é não desistir.
Na semana passada, cerca de cento e poucos alunos manifestaram-se à porta da faculdade contra estas questões, contudo a grande nota que tivemos na imprensa (apesar de convocada) foram duas linhas no site da TVI24. Os privados lá entendo que não tenham interesse, mas agora o serviço público deixou muito a desejar... mas isso era outro post... porque alunos insatisfeitos nem dão grande audiência, como também não interessa muito que tenham grande eco.
Frustrações minhas!
Agora, dia 1 de Abril as acções de protesto continuam, porque quem acredita numa causa é presistente... em frente à reitoria da UP, poucos, mas vamos demonstrar que a mentira do dia é Acção Social no Ensino Superior. 
A poucos deve interessar este post sem pés nem cabeça, mas aqui fica, mais uma vez, o meu compartilhar das causas em que acredito e o retomar de uma coisa que prezo bastante, que é escrever neste espaço.
Troppo Vino Altera i Sensi - e às vezes somente com uns copos a mais é que podemos acreditar que vale a pena lutar contra este sistema, onde se dá prioridade ao económico, esquecendo-se que ele se alimenta de muitas vidas... que tristemente se tornam apáticas.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Trabalho decente com um aumento de 40 milhões

É engraçado o poder da realidade em enformar os nossos discursos! Aqui há uns tempo andei a ler muito afincadamente os princípios do trabalho decente, presentes no site da organização Mundial de Trabalho... mas hoje ao ver as notícias, lá vem a notícia de que este ano irão-se perder, cerca 40 milhões de postos de emprego.
Os objectivos do trabalho decente da OIT, mantêm-se nobres, mas cada vez mais utópicos... num contexto de escassez acentuada de emprego.
Gostava de poder dizer, que este é mais um daqueles títulos, que se fazem para vender jornais, mas todo o contexto internacional, não me deixa falar dos alarmismos típicos da imprensa.
Este aumento substancial do desemprego é, igualmente, sinónimo do falhanço que as políticas anúnciadas há pouco tempo, por parte de diferentes Estados de retorno a uma política de investimento público, entrerrada no passado, como meio de estímulo ao consumo... infelizmente os níveis de pobrezacresceram de tal forma, nos últimos anos, que estas medidas simplesmente já não chegam!
Isto tem pano para mangas...

domingo, 4 de janeiro de 2009

Nova skin... Novo Ano

Estive na terrinha uns dias pelo Natal e se há palavra que não consigo ouvir mais é CRISE! 
Duvido que haja alguém que duvide que ela existe, agora se a sente é outra história... por isso todas estas notícias em torno da crise são frustantes para quem procura manter-se um pouco actualizado!
Decidi encher-me de esperanças para este novo ano, ainda bébé, quero fazer uma boa tese, quero que a minha família tenha saúde, quero escrever com mais frequência no Blog, quero sair mais com os meus amigos, quero viajar... enfim desejo paz e amor a todo o mundo... e acima de tudo que se calem com a crise!
É uma tortura psicológica!
Daí a nova skin e um novo post... 
Um abraço

domingo, 16 de novembro de 2008

Desconfiança

Já faz tanto tempo desde que escrevi o último post. Pensando bem, não foram as mil e uma coisas que tenho estado a fazer que me retiraram tempo de escrita, mas sim a atenção ao mundo de cá de fora da sociologia que tem sido menor.
Quando dou por mim, leio no jornal as críticas à ministra da educação, os protestos contra A e contra B... mais uma vez, vai passando o tempo e nada parece mudar.
Mas, às vezes é preciso ter uma experiência qualquer, para nos chamar a atenção que o mundo real existe e que deixar de escrever aqui é pôr de lado uma das coisas que mais gosto de fazer.
Hoje fui aplicar inquéritos para um bairro... claro que ganhei experiência e algum dinheiro, mas venho profundamente triste com o sucesso desta incurssão pelo terreno. Consegui um número reduzido de respostas e um sem fim de recusas mais ou menos educadas. As pessoas, se por um lado estão fartas de ser incomodadas com promessas futuras de requalificação, por outro são extremamente desconfiadas face a qualquer questão que sintam que põem a sua privacidade em perigo. Não sei, compreendo-as por um lado, mas se calhar por ter estado do lado de cá de quem faz as perguntas venho triste.
Nas sociedades actuais o «outro» é cada vez mais aquele a evitar porque é diferente de nós. Mas se ao mesmo tempo somos cada vez mais individualistas na gestão do tempo e das relações sociais. Nunca estivémos perante sociedades tão plurais e diversificadas quanto as que vivemos hoje... há qualquer coisa de triste... é que não damos oportunidade de abrir os nossos horizontes com a cada vez maior diversidade que nos bate à porta todos os dias. Hoje digo isto por causa dos inquéritos, mas estou no fundo a pensar nas comunidades imigrantes.
Ser cosmopolita não é só quando visitamos um país estrangeiro, passa muito por aceitar e aproveitar o que de diverso existe no mundo social e a que tantas vezes fechamos as portas.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Cultura!?

Queria fazer um post sobre o preço dos livros, que anda absurdamente alto. Mas, agora, no comboio passei por uma fábrica de uma freguesia de um concelho, que ardeu ontem à noite…. E de repente esse tema pareceu-me absurdo. Provavelmente, algumas centenas de trabalhadores virão para a rua… muitos com mais de quarenta anos, que serão velhos de mais para trabalhar, aumentando ainda mais a sua fragilidade sócio-económica, que os baixos salários de um operário, tendiam sempre a disfarçar…
Mas se calhar, é um bocado por isso, que a cultura em Portugal é incipiente, e a que há, é consagrada sempre pelos mesmos nomes, que levam as pessoas aos espectáculos não pelo conteúdo, mas pelo cartaz e por quem está à frente deste. O facto da cultura, só se afigura como uma necessidade, que só deve ser suprida, quando as primárias estiverem garantidas.
Concordo, que sem um determinado nível de bem-estar dificilmente se pensa em ler um livro, ir ao cinema, a um concerto e outras coisas. Mas penso, que é a própria democracia, que fica posta em causa, quando a ileteracia é demasiado elevada. Sem pensamento crítico, todos ficamos mais vulneráveis a cair nas teias de um discurso demagógico, que nada tem de democrático. Provavelmente, o que vai salvando Portugal, é que há tantos a fazê-los, que se descredibilizam uns aos outros.
Quanto aos preços dos livros, não se admite, que seja quase impossível encontrar um livro de um autor português, por menos de dez/onze euros. Se formos para os livros científicos, a esse preço, somente pequenos ensaios, que não ultrapassem as cem páginas. Se quisermos ler um livro de um autor estrangeiro, imaginemos, coisa rara, traduzido em português, não se compra por menos de quinze/vinte euros. Demasiado caro, para quem não se contenta em ler o livrinho anual, por desencargo de consciência… e que por acaso é o último sucesso de alguns autores da moda.
É grave quando os artistas e cientistas em Portugal dizem que o seu ministério da cultura é a Fundação Calouste Gulbenkian… se em tempo de crise, fica bem trazer fábricas para o país, prometer habitação social, etc… esquece-se muitas vezes, que é necessário saber fazer, e bem, logo, inovar par conseguir manter um negócio numa economia globalizada. Não sei, como é que se faz isso, enquanto que a cultura e os seus produtos culturais continuarem entregues às leis do mercado, ou quando muito ao nível local, entregues a câmaras municipais, que constroem casas da cultura, bibliotecas, mas onde depois falta a educação e fidelização dos públicos…

domingo, 20 de julho de 2008

Aleixo

Nos últimos dias temos ouvido falar muito da requalificação do Bairro do Aleixo, no Porto... apetecia-me fazer um post do tamanho dessas noticias a lembrar os erros económicos por detrás desse projecto... as consequências nefastas que terá sobre quem vive nestes bairros, mas penso que nem é preciso gastar mais latim isso!
Apenas dizer que isto tudo me dá uma sensação de dejavu: se com o bairro São João de Deus ficava muito mal, a droga estar à vista da nova zona rica da cidade, nas redondezas do dragão; com o Aleixo era só uma questão de tempo, afinal tem uma das melhores vistas sobre o Rio Douro!
O melhor de tudo é dizerem que vão solucionar o problema da droga e miséria, que fustiga esse bairro. Não sabia que casa nova, em bairros velhos e, também eles problemáticos, era solução par algo!

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Posts

Já lá vão mais de dois meses desde a última vez que escrevi por cá! Nos últimos dias, por motivos vários, a ideia de voltar a escrever um post, voltou a assaltar os meus pensamentos… mas agora o que escrever?!
É sempre a velha questão do blog… eu escrevo para alguém, porque se não, não valeria a pena ter este espaço… e ao final de um tempo sem cá vir, que novo rumo hei-de dar a isto? Sinceramente não sei! Não, que tenha que necessariamente mudar de rumo… os feedbacks dos amigos são óptimos, mas sempre que passo algum tempo sem cá escrever, voltam as questões todas de novo.
Nunca fugi muito do intuito original, já lá vão quase 2 anos… os leitores não são muitos, mas os mais regulares, guardo-os no meu pensamento. Aliás, é neles que tenho pensado e que me fazem voltar a escrever estas linhas. Esta relação engraçada e não saber o nome, a profissão e muitas vezes a sua proveniência, mas mesmo assim, preocupar-me com as suas opiniões e com o que vão escrever, por sua vez, nos seus blogs…
É esta a magia da blogosfera… na maior parte das vezes os posts não incitam muito à reflexividade, nem cumprem, muito bem, o seu objectivo de comentar a realidade, mas este sentimento de procurar nas palavras de alguém, as mesmas interrogações face ao estado das coisas, faz com que se queira sempre voltar.
Se o velho jogo político, que amo comentar, pela sua mediocridade me tem afastado dos posts, penso que há todo um leque de questões, que porque esquecidas, vale a pena voltar a escrever.
Consegui não me justificar, pela ausência… estou a evoluir… agora resta que os próximos posts, me levem para esta nova ideia… porque se vinho a mais altera os sentidos (troppo vino altera i sensi), a pasmaceira da sociedade portuguesa, com os seus debates, que não levam a lado nenhum, entorpecem os pensamentos… e aí está o grande problema: a ausência de novas questões, como se a solução dos problemas passasse pela vinda do Queirós, pela protagonismo dos comentadores in da tv ou pelo o que a Pj não descobriu no caso da Maddie.
Até ao próximo post!

domingo, 4 de maio de 2008

2008

Se no último post critiquei o presidente da república pela forma com que se referiu aos jovens do Portugal de hoje… este post serve para reflectir sobre as conquistas e as mudanças sociais 40 anos depois do 68. Qualquer coisa está errada com a passividade com que vivemos actualmente….

O preço dos cereais vai subir, o governo anuncia o aumento do abono de família em uns míseros cêntimos, o preço dos combustíveis não param de subir, a crise do PSD… tudo isso faz as capas de jornal e as conversas de café… assistimos a uma “economização” do nosso quotidiano, tudo se justifica pela crise económica internacional e pelas leis da escassez no mercado internacional! Este tipo de argumentos até podem ser os correctos, mas as sociedades são feitas por mais do que escolhas económicas, são feitas de pessoas, que têm projectos e aspirações, que se vão construindo ou desfazendo em torno destes debates… a demissão ou o fim do estado providência, pelo menos em Portugal, vai-se desmoronado antes mesmo de se ter constituído…

Se em Maio de 68 se lutou pela liberdade e pelo fim das trajectórias lineares, pelo direito à escolha, hoje corre-se o risco de se voltar, justamente pela escassez na construção de projectos de vida à necessidade de se lutar pelos direitos até aí conquistados… ao trabalho, à assistência social, a um fim de vida digno!

Não sei se as pessoas se apercebem do perigo de ruir de todos estes direitos sociais conquistados no pós-segunda guerra mundial, ou então têm medo de se manifestar… ou ainda se o argumento do imperativo económico e da irreversibilidade destes aumentos todos já colou… que a luta social deixou de fazer sentido numa sociedade individualista….

São temas demasiadamente complexos, que se calhar não têm mesmo solução, mas ao ouvir que 230.000 pessoas vivem com ajuda do banco alimentar, que as desigualdades sociais não param de aumentar no nosso país e que há idosos que vivem com duzentos e poucos euros por mês dos quais mais de metade vão para medicamentos… atormentam o meu pensamento… os jovens, mais, a sociedade portuguesa está apática perante tudo isto… manifestações só com autorização do governo civil… mas mesmo assim não deixo de pensar que é preciso mostrar que as sociedades são mais do que a curva da oferta e da procura… há direitos sociais essenciais que hoje não são mais garantidos e para os quais continuamos a pagar os nossos impostos!