A freguesia que já teve um palácio de cristal
A poetisa galega Rosalía de Castro tem aqui uma enorme estátua, no centro da praça que se chama da Galiza. Rosalía cantou a emigração, as viúvas de vivos mortos "que ninguém consolará". Massarelos, que desce até ao rio, local de partida e retorno, por caminhos românticos ou mais prosaicos, outrora terra de pescadores, também viu partir muitos dos seus.No início da segunda metade de oitocentos, nesta freguesia central da cidade, surgia um palácio, de ferro e vidro, que espantou o País e a Europa. O Porto, na altura com vitalidade e dinheiro, abria, orgulhoso, as portas do seu Palácio de Cristal. Nem um século volvido, o campeonato do mundo de hóquei em patins desmantelava essa glória de portuenses com horizontes largos.Massarelos, num fenómeno idêntico ao de outras partes da cidade, perde população: os jovens saem e fixam residência nas cidades vizinhas, onde encontram habitação mais em conta. Com cerca de nove mil habitantes, a freguesia, na parte alta, é moderna e dinâmica; na bela zona ribeirinha, aonde ainda não chegou a caixa de multibanco nem há farmácia, resistem alguns velhos.
in DN, de 14/01/07
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