quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Tempo de parar, para sonhar!

Quero falar de sonhos, mas a única coisa que me vem à mente é ingratidão! Às vezes os que nos motiva a falar e a valorizar as pequenas grandes coisas, que dão côr ao quotidiano, é mesmo parar para reflectir sobre elas.
Na terça-feira comprei a minha passagem de avião, para ir passar um fim-de-semana prolongado a Viena, na Aústria... uma amiga minha a conversar comigo na net disse-me que eu era uma sortuda porque lá ia... eu respondi, que sempre tinha sido um sonho para mim ir a Viena, mas que agora que tinha o bilhete, não estava entusiasmada!
De noite esta afirmação perturbou-me e é um pouco por isso que agora estou a escrever este post! Os meus amigos em Portugal neste momento estão a fazer exames (tal como eu aqui, mas como já escrevi algumas vezes, estudar em erasmus não é o que mais importa), provavelmente chegará as férias de Verão e trabalharão, para ajudar nas despesas de alguns, que são de estudar longe de casa, e outros simplesmente para terem um dinheirinho para saírem com os amigos! Venho de uma família trabalhadora, mas humilde! Poupam em uma data de coisas, para dar aos filhos estudos e uma oportunidade na vida... sei que a minha obrigação é um dia mais trade ajudar os meus irmãos, tal como os meus pais me ajudaram a mim! E o farei com todo o gosto do mundo, tal como uma herança que passa de geração em geração, a cultura e o conhecimento, o amor a um livro... não têm valor... transportamos conosco no quotidiano e enriqucem sempre um pouco mais o comprimentar, o olhar e o mundo que está sempre à nossa frente!
Lembro-me sempre de ser mais novita e a partir da Primavera, sonhar com a cidade europeia, que ansiava conhecer, da volta pela Itália, pelo renascimento, pelo cheiro e sabor a história em cada esquina! A maior parte das vezes esse dia da partida simplesmente não chegava! Quando concretizado, ainda hoje me recordo de cada esquininha e sabores dessas descobertas tão almejadas!
Nestes últimos 5 meses, aqui em Roma, tenho tido a oportunidade de viver no centro da história e dos meus sonhos, mas hoje apercebi-me, que estava quase a cair no erro de deixar de sonhar e com isso de valorizar tudo isto que fui conquistando! A ida à Eslovénia, as 3 viagens a Veneza, a maravilhosa Florença, a confusa Nápoles, o castelo de Campobasso, as mediavais Perugia e Siena, a inclinada Pisa e a beleza natural da costa amalfitana e dos Alpes! Tantas emoções, tão próximas e decididas de uma semana para a outra, que às vezes simplesmente esquecemos quão únicas e maravilhosas são!
Viena, como me lembro de ver os documentários na televisão! Tal como o nome do seu palácio mais famoso, Schönbrun (bela nascente), em Viena, nasceram, amaram e morreram os melhores compositores de sempre... a arte, a dança e a cultura a ela devem muito... e por tudo isto não posso simplesmente dizer que não estou entusiasmada com a sua visita! Lembro-me de Mozart, e a sua luta pela emancipação do poder que o pai exercia sobre ele e dos cânones musicais de Salzburgo, e da sua experança de libertação catártica, que Viena lhe oferecia.
Mozart viveu enquanto amou, e como disse Nobert Elias, Mozart não morreu desistiu de viver!
Assim, também quando desistir de sonhar e de ver poesia em cada coisa, para quê viver, se me terei tornado como o mais comum dos mortais, que sobrevive, não vive!

1 comentário:

Táxi Pluvioso disse...

Como sou para além de cínico, nos nossos dias, Áustria resume-se ao "Rex, o cão polícia".

É muito importante visitar outras cidades e países, ficar fechado em Portugal torna-nos tolos.